Seminário JUPIC - 8 a 15 de outubro

SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE JUPIC – SSpS

 

DIA 8: A Trindade e o compromisso com JUPIC

Pe. Anthony Pates, SVD, apresentou o tema do dia: “A Trindade como fonte e modelo de nosso compromisso com JUPIC”.

Para aprofundar nossa relação com a Santíssima Trindade, convidou todo o grupo para um dia de silêncio e recolhimento, propondo uma jornada contemplativa, a partir de nossa participação na missão da Trindade.

Assim, a reflexão teve início com a liturgia da Palavra, para que todo o dia fosse uma grande celebração.

 

     1. Introdução

Na primeira sessão da manhã, Pe. Tony conduziu os participantes a olharem a vida e a missão da Trindade como um primeiro movimento e, em seguida, para si mesmo fazendo um percurso espiritual a partir da história pessoal.

Perguntou às participantes do seminário: Qual é o fundamento da nossa consagração religiosa na etapa de vida que cada uma está vivendo? Qual é a experiência de Deus que dá fundamento à própria identidade e ao compromisso com JUPIC? Que experiência de Jesus e do amor de Deus tenho como meu fundamento?

Em seguida, convidou a refletir sobre o sentido da consagração religiosa.

  • Como meus votos aprofundam o fundamento de minha identidade de consagrada? Ser pobre como Jesus significa que Deus é o único absoluto de minha vida, o único referencial das minhas decisões e opções? Ser casto, como Jesus, significa que o sentido mais profundo de minha consagração é ser amada(o), incondicionalmente, por Deus e, em conseqüência deste amor, também amar às demais pessoas. E ser obediente como Jesus quer dizer que o Reino de Deus é a orientação de minha vida.

Arraigados e cimentados no amor do Deus Uno e Trino, perguntemo-nos:

  • Como a Trindade me vê e como vejo a mim mesma em relação à Trindade?
  • Quem sou eu em relação à Trindade?
  • Quem sou eu em relação ao Pai? E em relação a Jesus? E ao Espírito Santo?
  • Jesus tomou consciência de ser o Filho amado. Como eu tomo consciência de quem sou eu? Qual é minha relação afetiva e espiritual com Jesus? A experiência de ser amada(o) é única para cada pessoa.
  • Quais são os valores evangélicos centrais que formam o “ethos” pessoal para a missão?

A estrutura fundamental de nossa vida psicológica, emocional e espiritual se manifesta nos níveis intra-pessoal (sentido de integralidade e auto integração); interpessoal (a relação com as outras pessoas) e transpessoal (sentido de missão e compromisso com a vida).

Para refletir: Como me relaciono comigo mesma? Tenho uma auto estima positiva, um autovalor de mim mesma? Há algum aspecto em minha vida que não integrei em meu ser, como experiências negativas, relacionamentos desgastados ou quebrados? Há outros aspectos que estão “gritando” dentro de mim para serem integrados?

Para aprofundar a segunda e terceira partes do tema do dia - Jesus partilha sua experiência de Deus e A proposta do Reino de Deus na perspectiva de JUPIC - acessar o blog.

 

     2. Mística e profecia – 9/10/2012

A integração da dimensão mística e profética na vida cotidiana é um desafio para pessoas que exercem a missão de Justiça, Paz e Integridade da Criação e que querem abraçar JUPIC como uma forma de vida e não apenas um conjunto de práticas e intervenções.

No mundo de hoje, pessoas como D. Oscar Romero, D. Helder Câmara, Ir. Dorothy Stang e tantas outras que, de alguma maneira, descobriram a presença do Deus que transforma o coração e o incendeia com um amor apaixonado para com as pessoas que sofrem, se tornam exemplos inspiradores para quem se compromete com a causa de JUPIC.

Vem, daí, o grito profético de justiça e paz que levou tantas pessoas, contemporâneas nossas, a entregarem suas vidas para defender a vida daqueles que não têm voz nem vez e seus direitos não são respeitados devido às estruturas opressoras.

 

      3. Ação e Contemplação

Para aprofundar o tema, Ir. Sanny Bruinjs, da Ordem Carmelita da Holanda, apresentou algumas definições de misticismo, enfatizando que este se manifesta pela profunda experiência que vem de Deus, por meio do amor que permeia suas vidas.

A experiência mística se dá por um processo de iluminação, purificação (a noite escura dos sentidos e do espírito) e a união. Muitos santos percorreram este caminho e não só se converteram em pessoas tocadas por Deus, mas trouxeram importantes contribuições para a sociedade.

Irmã Sanny, a partir do evangelho de Lucas 10, 38-42, propôs a reflexão sobre a ação e a contemplação como parte integrante do seguimento de Jesus. Para ela, Marta e Maria são inseparáveis e estão presentes em cada um(a) de nós, quando buscamos integração em nossa experiência de Deus e no nosso serviço em JUPIC.

Antes das(os) participantes continuarem a reflexão em grupos, Pe. Francisco O’Coinare, OFM, fez uma síntese sobre o tema do dia e como o mesmo se aplica a JUPIC. Para assistir ao vídeo do Pe. Francisco acessar o blog.

 

      4. JESUS E JUPIC – 10/10/2012

Dando continuidade ao seminário, as promotoras e promotores de JUPIC foram convidadas(os) a olharem para Jesus e observarem como ele se relaciona com as pessoas e as situações de injustiça de seu tempo, e aprender dele como atuar hoje.

Para tratar da relação de Jesus e JUPIC a partir da Bíblia, Pe. Ralph Huning, SVD da Alemanha e doutor em Bíblia, compartilhou com o grupo algo de sua experiência  e investigação científica acerca do tema. Em seus estudos aprofundou a relação entre a maneira como as pessoas sensíveis e estudiosas compreendem os textos das escrituras.

Pe. Ralph apresentou uma série de perguntas para ajudar a refletir:

§  O que significava justiça para Jesus?

§  A maneira como interpretamos os textos do Evangelho tem relação com a maneira como Jesus viveu e compreendeu o significado da justiça e da paz?

§  O que queremos dizer com o termo Reino de Deus? O que queremos dizer com Justiça?

Segundo Pe. Ralph, a Bíblia não apresenta doutrinas definitivas sobre o que é a justiça, porém é um convite ao diálogo. Ela nos dá pistas sobre “como” atuar de maneira responsável e criativa. Nem Jesus nos deu uma definição do que é justiça. Para descobrir temos que contemplar suas atitudes e sua maneira de atuar com as diferentes pessoas e situações de seu tempo.

Ele pontuou, ainda, que não existe uma leitura neutra e objetiva da Bíblia. Por isto, é necessário conhecer nossas motivações e o que estamos buscando. Como promotores de JUPIC, nosso interesse é com as pessoas com as quais trabalhamos. No caso das Servas do Espírito Santo é, especialmente, com as mulheres marginalizadas, como no texto escolhido como ícone do seminário (Jo 8,1-11) em que Jesus dialoga com a mulher adúltera e com os que querem apedrejá-la.

 

      5 Aproximação do texto

A aproximação e descoberta do texto é a primeira fase da leitura do texto bíblico. A segunda é a tomada de distancia para maior compreensão e a terceira é a compreensão e a transmissão criativa. A partir desta introdução, foi feita a leitura do texto da mulher adúltera nas duas línguas oficiais do seminário (inglês e espanhol) e, em seguida, Pe. Ralph convidou a uma aproximação ao texto por meio de uma composição do lugar e das pessoas, a partir da imaginação de cada uma. Após um tempo de reflexão pessoal, ele distribuiu, para cada participante, uma figura com alguma representação artística da passagem do evangelho e cada um(a) foi refletir sozinho(a) e depois em grupos, por continentes. O objetivo foi confrontar a própria interpretação do texto com a que o artista transmitiu do mesmo texto.

       

      6. As Bem-aventuranças

A Bíblia é o testemunho da palavra de Deus que existia antes da Bíblia e que continua a ser pronunciada depois que a Bíblia foi escrita. Pe. Ralph mencionou o profeta Isaías, o qual comparou a palavra de Deus com a água da chuva que cai do céu e faz fecundar a semente. Em seguida, narrou uma parábola da água para mostrar os diferentes tipos de acesso à palavra:

§  O acesso imediato da leitura feita pelos pobres e necessitados;

§  O acesso da tradição eclesiástica, especialmente da liturgia e do magistério;

§  O acesso da investigação científica, que recupera os textos e evitam que sejam “contaminados”.

Para essa aproximação da compreensão de Jesus sobre JUPIC, Pe. Ralph propôs a meditação pessoal e em grupos do texto das bem-aventuranças (Mt 5,1-12) e compartilhou a investigação que fez com 172 homens e mulheres de diferentes culturas e de vários países da África, Ásia, Europa e América Latina, em sua maioria pessoas sensíveis que não haviam estudado a Bíblia. Cada uma delas apresentou uma maneira muito própria de interpretar as bem-aventuranças, a partir dos condicionamentos culturais, padrões de pensamento e valores próprios de cada um ou de cada grupo.

Por isso, segundo Pe. Ralph, é importante ter a consciência dos padrões e valores que vêm das culturas e das diferentes formas de interpretação, tanto da que emerge da vida dos pobres, como também da interpretação que vem da tradição da Igreja e, ainda, da desenvolvida pelos estudiosos. Em tudo isto, não devemos esquecer que a justiça e a paz são dons de Deus, são graças, impulsos para a ação. As bem-aventuranças apontam para uma maneira ética de viver e construir as relações.

Tendo presente as características apresentadas, as(os) participantes se dirigiram, mais uma vez, a seus grupos para aprofundar o texto na perspectiva dos distintos aspectos de JUPIC.

Em todo o momento, as promotoras e promotores de JUPIC foram convidadas(os) a olharem para Jesus e observar como ele se relaciona com as pessoas e com as situações de injustiça.

 

     7. Justiça restaurativa: Reconciliação e construção da Paz – 11/10/2012

O tema da Justiça Restaurativa na perspectiva da não violência, foi apresentada pela irmã Filo Hirota, Superiora Geral das Irmãs Mercedárias, e que trabalhou por vários anos em JUPIC, a nível internacional.

Como introdução, Irmã Filo convidou aos participantes a uma olhar contemplativo para o que foi ouvido nos dias anteriores e ressaltou que cada um(a) de nós é o conjunto das relações com o próprio eu, com as demais pessoas, com a realidade do mundo, em interconectividade com todo o universo e com Deus. Em seguida, acenou para as principais situações que geram violência no mundo:

  • A fome
  • Os conflitos armados
  • A indústria militar e de armas
  • A situação dos refugiados e dos que são obrigados a emigrar
  • A destruição da biodiversidade
  • O fenômeno da urbanização desregrada
  • A violência que acontece na vida doméstica, nas escolas, em ambientes de trabalho
  • Exacerbação da violência nos jogos (realidade virtual) e nos meios de comunicação em geral
  • A banalização do sofrimento humano
  • A solidão, a angústia, a frustração e a ansiedade

Tudo isto tem transformado nosso mundo, nossa sociedade, em um mundo gasto, exaurido, onde o ser humano passa por um processo de desumanização.

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Quem somos diante de tudo isto?

O que Deus está me dizendo? Qual é a nossa missão profética? Como comunidade SSpS, qual é nossa mensagem para este mundo de hoje?

Foi dado um tempo para a reflexão pessoal e em grupo. Cada grupo buscou sintetizar sua reflexão em uma palavra, desenho ou símbolo que foi colocado em um mural. Em seguida, todas(os) foram convidadas(os) a contemplar, em silêncio, a exposição das sínteses dos grupos e continuarem a reflexão pessoal.

   

    1. A não violência de Jesus

Na sessão da tarde, Ir. Filo refletiu sobre o caminho da não violência que Jesus praticou em sua vida e a maneira inteligente e criativa que ele propõe, no Evangelho, de como agir em situações de violência. Também trouxe o exemplo de pessoas que assumiram em suas vidas o caminho da paz pela prática da não violência, como São Francisco de Assis, Gandhi, Martin Luther King e outras.

Explicou, ainda, o significado de Justiça Restaurativa e sua implicação na transformação de conflitos reais na vida das pessoas, comunidades e países. Para aprofundar a reflexão, propôs ao grupo algumas perguntas:

  • Como vivo/vivemos a não violência de Jesus em minha/nossa vida?
  • Como vivo/vivemos a não violência de Jesus em minha/nossa missão?
  • Como vivo/vivemos a não violência de Jesus na sociedade onde estamos?
  • Até que ponto a não violência é importante em nossa vida e missão? Quais são os desafios?

     

     2.    Não violência

Existe guerra justa?

     Filo compartilhou foi o tema da guerra, seu significado e conseqüências. Ela questionou o conceito de “guerra justa” e propôs o conceito de uma “paz justa”. Também falou sobra transformação de conflitos e as etapas que se deve viver para a superação da ira justa, o perdão e a restauração da dignidade da pessoa que foi vítima de violência e, também, do agressor. O processo deve acontecer com o suporte e apoio da comunidade.

(Para mais informações acessar o blog sspsjupic.wordpress.com)

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      1. Doutrina Social da Igreja – 12/10/2012

Irmã Toni Harris, dos EUA e atual coordenadora do Instituto de JUPIC das Irmãs Dominicanas em Roma, apresentou o tema do dia: Doutrina Social da Igreja. Partindo do ciclo pastoral e da realidade do mundo, apresentou uma lista com todos os países onde as Missionárias Servas do Espírito Santo estão presentes e sugeriu que se confrontasse com a lista dos países mais pobres do mundo e dos que estão em situação de conflitos, para ver se o compromisso da congregação está relacionado com estas realidades. Comparando a lista dos países, foi possível verificar que as SSpS estão em número significativo, tanto em países mais pobres como, também, em situações de conflitos.

Abaixo, alguns tópicos de sua apresentação: O que queremos dizer com “justiça”?

  • Estabelecer a igualdade em nossas relações com as outras pessoas
  • Fazer o bem devido a nosso próximo, à comunidade, à criação e a Deus
  • Evitar fazer o mal, não infligir dano ao nosso próximo, comunidade ou criação

     

      2. Dimensões da Justiça básica

  • Justiça comutativa – equidade fundamental em todos os acordos e intercâmbios
  • Justiça distributiva – os benefícios e encargos da sociedade são distribuídos de modo justo
  • Justiça restaurativa – a necessidade de reparar o dano feito às vítimas
  • Justiça social – todas as pessoas têm uma dívida não satisfeita com o bem comum
  • “Relação correta”:

Re-articulação contemporânea do compromisso de fazer o bem devido a Deus, ao nosso próximo, a nós mesmos, e a toda a criação.

 

      3. Caridade e Justiça

Responder às necessidades humanas imediatas (à fome, ao abrigo, à vestimenta, etc.) não é o mesmo que trabalhar para a mudança dos sistemas que criam injustiças na sociedade. Esta distinção se deve compreender como a diferença entre caridade e justiça, a diferença entre trabalhos de misericórdia e trabalhos que procuram acabar com sistemas opressivos. “A caridade nunca será verdadeira a menos que leve em conta a justiça... Que nada procure, com pequenos obséquios de caridade, desculpar-se a si mesmo dos grandes deveres impostos pela justiça.” (Pio XI, Divini Redemptoris (1937)

Ainda que exista uma relação essencial entre caridade e justiça, não são o mesmo. Trabalhar pela justiça implica trocar os sistemas, estruturas, instituições e políticas públicas que são a causa ou a raiz das injustiças sociais. O Evangelho demanda que os seguidores de Jesus caminhem com estes dois “pés”: Os dois pés são: a caridade e a justiça.

 

     4. De que injustiças particulares estão conscientes nos lugares onde vivem e servem?

...uma sociedade que não respeita, não sustenta a dignidade básica, nem os direitos fundamentais, e não fomentará a qualidade de vida decente para todas as pessoas.

O Ensino Social da Igreja: quais são alguns dos princípios incluídos na Doutrina Social da Igreja Católica? A Doutrina Social está enraizada nas Escrituras e na Tradição

Não é este o tipo de jejum que tenho escolhido? Romper as cadeias da injustiça e desatar as correias do jugo, libertar o oprimido e romper todo jugo? Não é partilhar teu alimento com o faminto e oferecer abrigo ao desabrigado – quando vires um nu, vesti-lo e não apartar de ti tua própria carne e sangue? (Isaías)

No Evangelho de Mateus, Jesus mesmo proclama: “Em verdade vos digo: o que fizerem ao menos destes, é a mim que o fazem”

  • Temas bíblicos de Justiça
  • Deus está presente na história humana
  • Criação
  • Relação de Aliança
  • Comunidade
  • Anawim – “as viúvas, os órfãos e os estrangeiros”
  • O exemplo de Jesus – O Reino de Deus, curando

Na fé bíblica, fazer justiça é a primeira expectativa de Javé (Walter Brueggeman).

A justiça, em sentido bíblico, se consegue quando cada pessoa tem o que ele ou ela necessita para sobreviver, desenvolver-se, prosperar e, em seguido, ter possibilidade de regressar à comunidade.

     5. Antepassados da fé

Você não está fazendo um presente de seus bens à pessoa pobre. Está entregando o que é dele. Pois o que foi dado em comum para o uso de todos, você tomou para si mesmo. O mundo foi dado a todos, não apenas aos ricos. (Santo Ambrósio)

Honrarias o corpo de Cristo? Não deprecies sua nudez; não o honres aqui na igreja com vestes de seda pura para logo deixá-lo fora sem roupa e congelado. (São João Crisóstomo).

 

      6.    Principais temas da Doutrina Social

1.    Dignidade humana

2.    Comunidade

3.    Direitos e obrigações

4.    Opção pelos pobres

5.    Participação

6.    Justiça econômica

7.    Proteção da Criação

8.    Solidariedade

9.    Papel/função do Estado

10. Promoção da Paz

 

     7. Alguns Documentos de lgreja

§  Rerum Novarum, Encíclica de Leão XIII, 1891

§  Quadragesimo Anno, Encíclica de Pío XI, 1931

§  Gaudiumet Spes, Constituição Pastoral sobre a Igreja no Mundo Moderno, 1965

§  Populorum Progressio, Encíclica de Paulo VI, 1967

§  Justiça no Mundo, Sínodo Mundial dos bispos, 1971

§  Evangelii Nuntiandi, Exortação Apostólica de Paulo VI, 1975

§  Redemptor Hominis, Encíclica de João Paulo II, 1979

§  Sollicitudo Rei Socialis, Encíclica de João Paulo II, 1987

§  Centesimus Annus, Encíclica de João Paulo II, 1991

§  Deus Caritas Est, Encíclica de Bento XVI, 2005

§  Caritas in Veritate, Encíclica de Bento XVI, 2009

 

       8. Justiça e Paz – 1967

O Concílio Vaticano II propôs a criação de um corpo de Igreja Universal cujo papel fosse o de “estimular a Comunidade Católica a fomentar o progresso nas regiões necessitadas e a justiça social no cenário internacional” (Gaudium et Spes,90). Foi uma resposta a esta solicitação que Papa Paulo VI estabeleceu a Comissão Pontifícia “Justitia et Pax” por um motu próprio (iniciativa própria, decidida pessoalmente pelo Papa) fechado em 6 de Janeiro de 1967 (Catholicam Chiristi Ecclesiam).

Dois meses depois, na Populorum Progressio, Paulo VI sucintamente definiu do novo corpo que “seu nome, que é também seu programa, é Justiça e Paz” (5). Gaudium ET Spes e esta Encíclica, que “de certa maneira... aplica o ensino do Concílio” (Sollicitudo Rei Socialis,6), foram os textos fundamentais e pontos de referência para este novo corpo.

A ação em favor da justiça e a participação na transformação do mundo emergem como dimensão constitutiva da pregação do Evangelho, ou, em outras palavras, da missão da Igreja para a redenção da raça humana e sua libertação de cada situação opressiva.

 (Para mais informações sobre a apresentação acessar o blog sspsjupic.wordpress.com)

 

     9. Aspectos importantes de 3 documentos eclesiais relacionados com JUPIC

  • Justiça no Mundo – 1971
  • ESC e Integridade da Criação
  • O InstrumentumLaboris para o Sínodo da Nova Evangelização
  • Missão e JUPIC – 13/10/2012

     

         10. Missão e JUPIC em nossa geração fundadora

Praticamente após duas semanas de estudo e reflexão sobres diferentes temas relacionados com JUPIC, o dia de hoje foi dedicado a olhar para nossa geração fundadora e descobrir de que maneira, em seu tempo, responderam aos desafios da realidade que pode servir de inspiração para nós hoje em nossa missão de animadoras(es) e promotoras(es) de JUPIC.

Irmã CelestinaTangan e Pe. RenatoGnatta, do Centro de Espiritualidade Arnaldo Janssen,apresentaram suas reflexões a partir da vida da Bem aventurada Madre Maria Helena Stollenwerk, Santo José Freinademetz, Santo Arnaldo Janssen e Bem aventurada Madre Josefa. No blog, é possível acompanhar a reflexão.

 

      11. Visita ao Centro de Missão São Miguel

As (os) participantes do Seminário de JUPIC foram ao Centro Missionário São Miguel. Neste centro teve início a Congregação do Verbo Divino, em Steyl. Pe. Jüegen Ommerborni, responsável pelo secretariado Arnaldo Janssen, que investiga há muitos anos a vida de Santo Arnaldo, partilhou algo de seus estudos sobre o fundador e a geração fundadora.

Com muito entusiamos, Pe. Jüger expôs que Pe. Arnaldo era um homem de visão ampla e muito atento aos sinais do tempo e, não obstante que em sua época não se falava em JUPIC, em suas publicações escrevia que os missionários deveriam estar a serviço da justiça e da verdade.

Seu amor à ciências fez que se preocupara em dar uma formação em diferentes áreas do saber aos missionários e às missionárias. Fundou o InstitiutoAnthropus para estudar a cultura dos povos. Entendia e amava a natureza como templo de Deus que devia ser respeitada. Os assuntos políticos também preocuparam Arnaldo Janssen, especialmente se fosse para defender a segurança dos missionários e os interesses da Igreja. Também tinha relação com leigos que o ajudaram no sustento da obra missionária.

De muitas maneiras Pe. Arnaldo acompanhava a realidade dos lugares onde estavam os missionários e os ajudava a buscar soluções para a superação das dificuldades, tendo em vista o desenvolvimento das pessoas e o cuidado com os pobres, como os migrantes e com a minorias. Sua perspectiva missionária estava direcionada aos não cristãos, porém também aos cristãos em situação difícil onde não havia suficiente presença da Igreja.

Desta maneira, fica muito claro que a dimensão de Justiça e Paz e Integridade da Natureza fez parte da prática de Santo Arnaldo e das orientações que deixou à sua família espiritual, isto muito antes que a Igreja começasse a pensar em JUPIC.

 

      12.  A Espiiritualidade do Promotor de JUPIC – 15/10/2012

Iniciando a terceira semana do Seminário Internacional de JUPIC, das Missionárias Servas do Espírito Santo, iniciou-se o movimento de trazer os conteúdos retirados da realidade concreta das promotoras e promotores de JUPIC. A meta é integrar na prática pessoal e no trabalho de cada um(a) desenvolve pontos bem concretos e transformá-los em um plano de ação.

Pe. Francisco O’Conaire conduziu a reflexão do dia apresentando pontos muito concretos que o animador e promotor de JUPIC necessita levar em conta para realizar sua missão. Também apontou elementos importantes da espiritualidade de JUPIC com a intenção de ajudar as(os)  animadoras(es) a construírem uma base pessoal de sustentação diante dos desafios e dificuldades próprios de seu campo de atuação.

 

     13. Elementos que devem ser levados em conta na animação de JUPIC

Responsabilidades: animação, formação, comunicação, coordenação e colaboração.

Atitudes fundamentais + Ações

Recordar – ANIMADOR (mais que um ativista!)

  • JUPIC na vida e na missão
  •  “Relações justas”
  • Opção preferencial pelos pobres
  • Espiritualidade do Reino
  • Testemunho pessoal (valores de JUPIC)

Enfoque (perguntas de Por que?) Causas e não só as consequências da injustiça

Conhecer os aspectos fundamentais de JUPIC:

  • A tradição bíblica
  • Os documentos da Igreja
  • Documentos e espiritualidade de SSpS
  • Manter-se conectada com as irmãs da Província (não se converter em uma pessoa solitária, isolada)
  • Desenvolver estruturas locais e provinciais
  • Desenvolver um plano de JUPIC
  • Finanças

Projetos

  • Cada ministério é um lugar para fazer justiça
  • Que sejam sensíveis;
  • Aproveitar o que já existe (formação, missão, seminários, etc)

De que maneira envolver as demais irmãs? O que se pode planejar com demais irmãs? O que avaliar juntas?

Metodologia

  • A participação
  • O processo
  • Algumas prioridades (cada questão está relacionada a outras)
  • Análise da realidade
  • VER – JULGAR (iluminar) – AGIR – AVALIAR – CELEBRAR (ciclo pastoral)

Colaboração

  • Envolver outras pessoas (religiosos/as; grupos religiosos; organizações não governamentais)
  • Envolver outras comissões provinciais
  • Envolver a liderança da província
  • Aproveitar o que já existe (recursos, idéias, etc)

Comunicação – manter todas informadas

  • Sítios Web
  • Boletins
  • Ações urgentes
  • Publicações

Recordem

  • Respeitar às irmãs 
  • Escutar/observar
  • Ser positiva – afirmar
  • Perseverança (é o projeto do Reino e não o meu!)
  • Amar as irmãs (mesmo com suas resistências)
  • Ser gentil e compassiva
  • Ser culturalmente sensível
  • Disposição para capacitar outras
  • Estar em contato com os pobres
  •  Responder no lugar de reagir
  • Manter o bom humor – cultivar o bom humor
  • Celebrar o êxito
  • Aproveitar o que já existe (recursos, idéias, etc)
  • Cuidado pessoa: estudo; oração/contemplação; direção espiritual; tempo livre e atenção para perceber quem pode colaborar nesse ministério

Evitar

  • O Julgamento
  • O desprezo para os esforços de outras pessoas
  • A impressão que o trabalho de JUPIC é para especialistas
  • Promover o trabalho de JUPIC de forma isolada
  • A criação de dependências
  • O pessimismo e a negatividade
  • Muitas tarefas

 

        14. Dificuldades na animação de JUPIC

1.    A falta de uma metodologia evangélica não-violenta

2.    Focar, apenas, na tarefa de “mudar a estrutura” sem perceber, também, a necessidade da “transformação pessoal”

3.    Dar enforque em JUPIC no que se passa “fora” em lugar de “aqui dentro”, também

4.    Algumas(uns) promotoras(es) são “ativistas” e poderiam ser “animadores”

5.    Falta de criatividade e imaginação

6.    Falta de entendimento de JUPIC – as promotoras e a liderança

7.    As promotoras não recebem uma capacitação ou orientação sobre seu ministério

8.    Falta continuidade na animação de JUPIC

9.    Pouca colaboração com outros serviços na Província

10. Nenhum plano de JUPIC

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