Presente que engrandece

Não costumo ver televisão, mas Regina Junker, regente, tendo conseguido, com muita tolerância, assistir alguns comerciais sobre o dia das Mães, enviou-me a expressão de sua indignação.
“Uma das propagandas comparou a barriga da mulher grávida à nossa primeira casa. Mãe não é um ser amoroso, nem humano, é uma empregada da família, comparada a uma "casa". Penso que seria melhor ser o que é mesmo: o abrigo, o nosso mundo, o lugar do afeto, o lugar do corpo que não vive sozinho, o ser que dá vida a outro ser, que carrega a vida que se forma.
“Outra diz que jogo de panelas é "revelador de talentos" que armários de cozinha são "sonhos". Assim mãe/mulher é sinônimo de só ficar em casa/ou melhor só na cozinha! Seus talentos e sonhos não podem estar fora destas paredes que aprisionam o corpo e não deixam a mente mudar os rumos da sua história.
“Outras colocam a mãe/mulher como um ser que só quer fofocar, por isso precisa de celular, ou precisa seduzir e então as roupas e acessórios dão o tom da vaidade e da sedução.
“Nossos publicitários tem fama de criativos mas estão aprisionados no seu tempo histórico e machista e nós mulheres e mães concordamos, pois vejo nossas artistas se prestando a fazer estas propagandas e reforçando o ‘status quo’.”

O preconceito contra a mulher está ainda bem vivo, embora muito mais sutil, segundo Joan Collin declarou em sua recente conferência no Rio de Janeiro.
Falta criatividade a publicitários que, na pressa de sair na frente, atropelam-se em seus preconceitos mal disfarçados. Ainda têm muito a aprender. Mal sabem que nós, mulheres, não estamos a fim de ser tratadas como escravas e, no segundo domingo de maio receber um título régio: rainha do lar.
Não queremos ser desmancha prazer, mas as mães merecem um tratamento mais digno. Minha mãe nasceu no início do século passado, não recebia presentes no Dia das Mães, mas nós, seus dez filhos e filhas a amamos e respeitamos. E ela tinha certeza desse amor filial, sem presentes. Não que não se deva oferecê-los nessa data já tão arraigada, mas que a publicidade não as ofenda nem tente aprisioná-las em papéis subalternos. É uma incoerência tratá-las com desrespeito e falta de solidariedade durante todo o ano e, num só dia, presenteá-la. Quantas vezes vi filhos presenteando displicentemente, por uma obrigação imposta não se sabe por quem, talvez por interesses comerciais.

“Quando isso vai mudar e nos colocar como gente que pensa, gosta de estar junto para tratar das coisas que nos dizem respeito, quando vamos ler, passear, estudar, andar de bicicleta, ter café na cama feito pelos nossos companheiros e filhos(as),ter uma casa que seja comunitária a todos as pessoas que moram nela, quando o dia das mães vai ser menos enfatizador de coisas que não queremos mais para nós? Será que ser mãe é só ter uma barriga e um corpo que procria e somente interesses caseiros? Nada além das quatro paredes?” Pergunta Regina.

O Dia das Mães é uma oportunidade para buscar uma solução imediata e definitiva sobre o desrespeito com que têm sido tratadas as mulheres grávidas e, em especial, as parturientes. Os bebês de Lins nascem em Promissão, Cafelândia, Bauru e até Ourinhos. Embora o Ministério da Saúde destine recursos, as parturientes do SUS não encontram vaga na maternidade de Lins. Não se trata de falta de recursos: auditoria realizada na Santa Casa de Lins em 2004, detectou um grande desvio. Não se pode mais tolerar que as mulheres linenses não tenham onde parir.
Temos também boas notícias. Professor Edgar Paulo Pastorello, mui digno Presidente da Fundação Paulista de Tecnologia e Educação, brinda o Conselho Municipal dos Direitos da Mulher com um curso gratuito de informática (software livre) para mulheres, mães ou não. Muitas de nós, mulheres (e mães) teremos acesso a uma nova esfera da comunicação e uma chance de nos descobrirmos capazes de dominar a tecnologia da informática. Esse é um presente que nos engrandece, nos dignifica e nós agradecemos. Que todas as mães sejam cada vez mais respeitadas e amadas. Feliz Dia das Mães!

Iolanda Toshie Ide e Regina Naef Bretanha Junker
Iolanda Toshie Ide - Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Lins;
Representante da Pastoral da Mulher Marginalizada no setor de Pastorais Sociais da CNBB;
Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Ação " Educação e questões de Gênero", da UNESP de Marília / SP

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