Medo da Ciência

Recente denúncia revela que a Monsanto ofereceu propina de 50 mil dólares a integrante do Governo da Indonésia para facilitar a introdução de algodão transgênico sem pesquisas sobre impactos ambientais.
Esse é um expediente mais uma vez usado pela Monsanto para evitar que seus produtos sejam contestados por pesquisas científicas em curso ou a se iniciarem. Não é novidade. Desde 1995, Jeffrey Smith vem alertando sobre os riscos para a saúde pessoal e para o meio ambiente, como também tem detectado estreitas relações entre empresas de biotecnologia e a FDA. Demissões de cientistas, vultosas contribuições a campanhas de políticos (principalmente os do Partido Republicano) e subornos do tipo da Indonésia, recheiam o currículo da Monsanto.
A promiscuidade campeia nos meios governamentais estadunidenses. O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, foi presidente de uma subsidiária da Monsanto, o Juiz da Suprema Corte, Clarence Thomas, foi advogado da Monsanto, informa Jeffrey Smith, autor de um livro que denuncia os bastidores das empresas de biotecnologia.
Cientistas que se opuseram à aprovação de leite com hormônio de crescimento bovino (rbGH) foram demitidos da FDA; a Monsanto ofereceu subornos a parlamentares canadenses num montante que excede 1 milhão de dólares, para que esse leite fosse liberado.
Diante das pressões, há dificuldades para realizar pesquisas independentes. Programas de televisão saíram do ar quando se tratou da divulgação de resultados científicos que alertavam sobre riscos da ingestão de alimentos transgênicos.
Vários cientistas, pressionados ou não, têm se eximido de se posicionar contra os riscos oferecidos por diversos produtos da Monsanto.
No Brasil, a polêmica foge dos meios científicos para enveredar por equivocadas Medidas Provisórias. Não sem razão: não se trata mesmo de uma questão científica, mas de forte pressão envolvendo avantajados subornos. Quem presenciou as discussões sobre o tema no Senado, percebeu que o projeto de lei do governo foi sendo paulatinamente descaracterizado desconsiderando o “princípio de precaução social”. Além disso, os governos estaduais perderam a autonomia de manutenção de “territórios livres de transgênicos” aprovados por suas Assembléias Legislativas como no Paraná, Santa Catarina, Goiás e Pará.
Ambientalistas e movimentos sociais não são preconceituosos nem contrários à ciência: defendem os estudos de impacto antes que sejam liberados o plantio, assim como códigos esclarecedores nos alimentos que incluam produtos transgênicos. Os motivos que levam essas empresas a destinar enormes quantias em dinheiro para garantir a não realização de pesquisas científicas sobre seus produtos é a certeza de que resultariam em dados desfavoráveis a sua aceitação. Não são os ambientalistas que têm medo da ciência, mas as chamadas empresas de biotecnologia, entre elas, principalmente a Monsanto que foi condenada a pagar multa de 1,5 bilhão de dólares pelo suborno na Indonésia.

Iolanda Toshie Ide
Presidente do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher de Lins;
Representante da Pastoral da Mulher Marginalizada no setor de Pastorais Sociais da CNBB;
Coordenadora do Grupo de Pesquisa e Ação " Educação e questões de Gênero", da UNESP de Marília / SP

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