Aloysia Kehl: Sinto que me adapto no meio do povo, tenho paixão por esse trabalho

 

  "O melhor lugar do mundo é onde Deus me quer". São José Freinademetz

 

 

 

Ir. Edni - Maria de Lourdes, depois de alguns meses em São Paulo, você retorna a Palmópolis. Quanto tempo você viveu no Vale do Jequitinhonha?
Ir. Mª Lourdes - Doze anos em Palmópolis, de março de 88 até o início de 2000 e dois anos em Mata Verde, de março de 2002 até janeiro de 2003.

Ir. Edni - O que você gostaria de dizer de sua missão em Palmópolis?
Ir. Mª Lourdes - Meu trabalho na Congregação, até então, tinha sido nas Instituições, quero dizer nos Colégios e no Convento. Porém, sempre desejei me integrar na inserção junto aos pobres. Fui para Palmópolis sabendo quer iria trabalhar na Pastoral da Criança (PC). Uma vez lá, muitos outros trabalhos foram aparecendo, como, por exemplo, visitas aos doentes, trabalho com clubes de mães e grupos de mulheres, com hortas comunitárias (coordenação). Sempre trabalhamos juntas com o Conselho da Paróquia. Havia reuniões mensais com a coordenação das Hortas Comunitárias. Na Igreja, participei da liturgia acompanhando os vários grupos na preparação e durante a celebração dos sacramentos. Participei muitas vezes das reuniões da Associação Amigos de Palmópolis (ASSOAP) e do Sindicato dos trabalhadores Rurais.
Nas visitas aos doentes, chamou-me a atenção o caso de um senhor idoso a quem levei a comunhão, que um dia afirmou: "Na próxima 3ª feira, às 3 horas, vocês vão se desocupar de mim". E de fato aconteceu. Ele faleceu na 3ª feira seguinte, às 15h, com quase cem anos e muito mais de fé.

Ir. Edni – Seu trabalho específico foi com a Pastoral da Criança. O que chamou mais sua atenção nele?
Ir. Mª Lourdes - Foi, sem dúvida, a recuperação das crianças desnutridas, através da multimistura. Ajudamos a salvar um casal de gêmeos, profundamente enfraquecido. Certamente não teriam sobrevivido sem o trabalho da Pastoral; outro caso marcante foi o de uma menina de sete anos que foi hospitalizada em dois hospitais diferentes. Após um mês, acabou voltando para casa na mesma situação. Além de surda muda, a criança não andava. Após três meses conosco, começava a ensaiar os primeiros passos. O próprio médico da região encaminhava os casos à Pastoral, quando se tratava de orientação geral às famílias, principalmente no cuidado das crianças. Na verdade, foi a continuação de um trabalho que as Irmãs já tinham começado lá.
O místico, o espiritual, estava muito ligado ao trabalho na PC e isso deu muita garra às pessoas que se engajaram. A gente se colocava como igual, sem barreiras. Ajudei muito e aprendi muito, aprendemos juntas. Fazíamos novenas, terços, reflexões bíblicas, que aprofundavam a fé e reforçavam a dedicação aos trabalhos.
Pessoalmente, mudei meus hábitos alimentares. Passei a fazer uso de alimentos mais naturais. Com isso, e com os remédios caseiros, consegui me libertar dos químicos da farmácia. Há quatro anos não uso mais medicamentos de laboratório. Essas coisas a gente conversava com o povo. Também conversávamos sobre a importância da preservação da natureza.

Ir. Edni - E em Mata Verde, onde foi sua principal atuação?
Ir. Mª Lourdes - Em Mata Verde fiquei apenas nove meses, de março de 2002 até janeiro de 2003. Lá, minha função foi mais voltada à saúde comunitária e aos círculos bíblicos com uma reflexão muito inserida na realidade. Tem um caso interessante de um senhor que lutava, em vão, contra pressão alta, por anos. Com o tratamento natural conseguiu, finalmente, controlá-la. Então, o homem fez tanta propaganda que foi uma avalanche de gente chegando para procurar a solução de seus problemas de saúde na casa das Irmãs.

Ir. Edni - Quais as lições que você tirou dessa sua inserção?
Ir. Mª Lourdes - Sinto que me adapto no meio do povo, tenho paixão por esse trabalho. Quando me foi pedido para dar uma colaboração no Convento, relutei internamente, mas aceitei a proposta. Depois de seis meses colaborando no Lar Sant'Ana, sinto que volto fortalecida pelo contato com nossas Irmãs mais idosas e também com a juventude em formação. Mas, volto com muita alegria, para mais algum tempo a ser dedicado ao povo acolhedor de Palmópolis, colocando-me a serviço da comunidade, para a realização dos anseios dela.

Irmã Aloysia Kehl, SSpS - pertence a Província Brasil Norte

Convento Santíssima Trindade

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